A cirurgia não é mais a única solução para quem sofre com problemas de visão. Com um pouco de dedicação e alguns exercícios é possível ver o mundo com outros olhos.
Problema de visão é coisa séria.
Astigmatismo, miopia, hipermetropia, só para citar alguns, são, de certa forma, normais em nossa sociedade. Quem não conhece pelo menos uma pessoa que tem um ou mais problemas de visão? A medicina tradicional já dispõe de vários métodos para curar estas doenças, mas já pensou que você pode curar, ou amenizar, um problema de visão somente reeducando o seu olhar?
É isso que o self-healing (auto-cura, em português) propõe.
Criado há 29 anos pelo ucraniano Meir Scheneider, o método já ajudou muita gente até a minimizar problemas graves, como catarata e glaucoma.
Conhecido como “ioga para os olhos”, o self-healing foi desenvolvido a partir da experiência particular de Scheneider, que nasceu com catarata congênita e, aos sete anos, depois de ter feito cinco cirurgias nos EUA sem sucesso, foi dado como cego pelos médicos americanos. No entanto, ao invés de desanimar, Scheneider estudou os exercícios desenvolvidos pelo oftalmologista William Bates no século XIX, cuja proposta era exercitar a musculatura dos olhos, e desenvolveu sua própria técnica, baseando-se nas ritmadas respirações do ioga. Com os exercícios que criou, o problema se reduziu e hoje ele enxerga bem o suficiente para ter até licença para dirigir nos EUA, onde o exame para habilitação de motoristas é bastante rigoroso.
O self-healing é um processo de buscar em si mesmo uma maneira melhor de se portar, para levar uma vida mais saudável. “Nós percebemos os nossos padrões corporais e posturais, que agem de acordo com o tipo de vida que nós levamos e que, fatalmente, nos leva a viver de uma forma mais tensa. Quando a gente elimina este tipo de tensão, percebe que o corpo se integra de uma forma melhor”, garante a professora de self-healing Valéria Portugal. A fisioterapeuta Luciana Satyro Bertani aponta os benefícios do método. “É extremamente relaxante para o corpo em geral, o aluno vê de maneira mais relaxada e melhor. Além disso, a visão periférica passa a ter um foco mais abrangente”, garante. O interessante é que o método integra o corpo com os movimentos para os olhos. “Não adianta melhorar só o olho, se a pessoa tem uma postura corporal que leva a uma tensão no modo como você vê. Com a melhora do padrão corporal, os olhos melhoram também”, completa.
Então esse é o primeiro passo: descobrir os pontos de bloqueio, de modo a ter não só uma visão melhor, mas uma vida melhor. “Por isso é que não podemos afirmar, com precisão, que determinada pessoa que porventura tenha um problema de visão terá ele amenizado ou até mesmo curado. Isso depende muito da pessoa, de ela entrar no processo e, junto com um orientador, verificar o que deve ser feito. Desta forma, o aluno vai trilhando um caminho que o leva a uma melhora geral”, ensina Valéria.
Aliado a outras técnicas, o self-healing têm ainda melhores resultados. Isso é o que garante a presidente da Sociedade Brasielira de Mestres de Reiki, Deise Ruas. “Faço um trabalho de terapia reichiana e vejo no self-healing uma poderosa ferramenta para o meu trabalho. Além disso, o paciente fica com os reflexos mais apurados e trabalha muito a musculatura do olho”, afirma.
O tempo de aparecimento dos primeiros resultados é variável, embora algumas pessoas consigam perceber melhoras imediatas. “Depois de uma hora de exercício o aluno pode começar a sentir uma melhora. Isso é muito importante: perceber que pode melhorar. Dá motivação para o aluno e, em virtude disso, ele continua a praticar cada vez mais. Mas nem todos os alunos percebem mudanças na mesma hora, depende do potencial de cada pessoa”, explica a professora. Durante as aulas, os exercícios são feitos em ambientes diferentes: no escuro total e diante da luz do sol. “Os exercícios feitos no sol servem para ativar o nervo ótico, e os feitos na escuridão, para relaxar o mesmo nervo”, ensina Valéria. Outras atividades são calmantes e relaxantes e há as que trabalham a musculatura interna dos olhos.
O passo número dois é praticar os ensinamentos do self-healing o maior número de horas possíveis. “Não adianta praticar uma hora por dia e, no restante do dia, sentar na frente de um computador e ficar trabalhando direto sem se mover, sem fazer alongamentos, alguns exercícios para a circulação, sem tirar os olhos do monitor e sem piscar. Neste caso, aquela hora de exercício vai adiantar muito pouco”, alerta Valéria. O ideal é que, durante todo o dia, o aluno ponha em prática o que aprendeu nas aulas, incorporando no dia-a-dia o modo de andar, de sentar, de descansar, variar um pouco de postura e fazer alongamentos. “Incorporando isso ao cotidiano, o aluno não precisa tirar uma ou duas horas para ficar fazendo exercícios, faz ao longo do dia mesmo”, aconselha.
Antes que você pense que somos loucos e queremos que você fique fazendo verdadeiras performances no seu local de trabalho, acalme-se! Os exercícios são fáceis e seus colegas de trabalho nem perceberão que você está se exercitando. “Parar de olhar para o mesmo lugar e olhar para longe é muito bom para relaxar a musculatura dos olhos. Para quem trabalha durante muito tempo sentado, é importante dar uma levantada, caminhar até a janela e olhar para um ponto o mais longe possível. Para quem tem problema de miopia, um dos exercícios é olhar para a ponta do nariz e depois olhar para longe”, ensina a também professora de self-healing Ney Chaves. Normalmente, os exercícios são feitos sem os óculos, mas em determinados casos a alternância se faz necessária. “Se o paciente tiver, por exemplo, um grau muito elevado de miopia, vai ter uma hora em que ele terá que colocá-los, até para não cansar demais a musculatura do olho”, afirma a terapeuta Maria Fernanda Leite Ribeiro, que utiliza a técnica há oito anos.
Assim como Meir, a professora Ney também experimentou o método nela mesma e os resultados foram tão surpreendentes que ela resolveu estudar o assunto diretamente com o criador do trabalho. “Quando eu tinha 50 anos, tinha cinco graus de miopia no olho. Fui fazendo o trabalho e os resultados não tardaram a aparecer. Hoje, aos 63 anos, consigo ler até na penumbra”, diz. A artista plástica Cristina Portugal também aprova o método. “Pinto quadros e depois das aulas de self-healing passei a enxergar nuances de cores que antes eu não via. Estou muito impressionada, ando por aí deslumbrada com os benefícios que o método me trouxe”, conclui. A terapeuta Maria Fernanda comprova, através de estatísticas, a eficácia da técnica. “Dos alunos que seguiram a técnica direitinho e fizeram os exercícios regularmente, 80% apresentaram algum tipo de melhora”. E então, alguém se habilita?