quarta-feira, fevereiro 03, 2010

O caráter multidisciplinar da Vigilância Sanitária


A Prefeitura de Fortaleza deixou de fora do edital (01/2010) do concurso para Fiscal Municipal na área de Vigilância Sanitária duas categorias profissionais competentes e aptas para assumir a função - os tecnólogos de alimentos e os economistas domésticos. Minha formação básica é em engenharia de alimentos e por isso os amigos leitores e os colegas engenheiros de alimentos podem se perguntar: mas o que o professor Cláudio, como engenheiro de alimentos, tem com isso?

Como profissional da área de alimentos e militante da área de higiene de alimentos, eu jamais poderia me calar diante de tamanho absurdo. O que está em jogo aqui não é uma briguinha por espaço no mercado de trabalho. É a saúde da população de Fortaleza. A luta dos profissionais que lidam com alimentos deve ser a favor de uma Vigilância Sanitária atualizada, séria, capacitada e atuante, independente da categoria que esteja assumindo a função de fiscal sanitário. O edital apresenta 15 vagas (pouquíssimas para a importante função) destinadas para engenheiro de alimentos e nutricionistas. Ora, por que deixar de fora os tecnólogos de alimentos e os economistas domésticos?

Um setor com tamanha importância precisa mesmo ter uma visão multidisciplinar para uma melhor resolução dos problemas. No caso do economista doméstico, se você pensa que ele vive para resolver questões que só dizem respeito ao lar e à família, engana-se. Ele sai da faculdade entendendo de tudo um pouco - alimentação, saúde, administração do lar, modelagem de roupas, relações familiares. Durante o curso, o profissional já pode ir se especializando na área que possui mais afinidade, como no caso dos alimentos. O economista doméstico, após a conclusão do curso, esta habilitado para administrar desde uma casa até uma cozinha industrial.

Esse profissional, durante a faculdade, cursa disciplinas como microbiologia de alimentos, química dos alimentos, nutrição básica e aplicada, educação sanitária e educação do consumidor. Segundo o próprio Conselho Federal de Economia Doméstica, o profissional está capacitado para trabalhar em consonância com os serviços oficiais de inspeção e vigilância sanitária, procurando uma ação integrada que visa à produção de alimentos com qualidade para o consumo.

O Tecnólogo de Alimentos, por sua vez, está registrado no catálogo de profissões do MEC como sendo um ``profissional de nível superior que planeja, elabora, gerencia e mantém os processos relacionados ao beneficiamento, industrialização e conservação de alimentos. Seu campo de atuação abrange desde moinhos, indústrias alimentícias, fábricas de conservas até instituições de pesquisas. Esse profissional ainda supervisiona as várias fases dos processos de industrialização de alimentos, desenvolve novos produtos, monitora a manutenção de equipamentos, coordena programas e trabalhos nas áreas de conservação, controle de qualidade dos processos industriais do setor na perspectiva de viabilidade econômica e preservação ambiental``.

Como já foi abordado aqui na coluna, a Vigilância Sanitária de Fortaleza precisa melhorar bastante - tanto na área de recursos humanos, como na parte estrutural. A vigilância sanitária é um órgão da maior importância para a população, especialmente porque atua também na prevenção de doenças. Investir em prevenção é reduzir gastos com hospitais e postos de saúde. Não vou nem abordar a questão da remuneração, pois a que foi divulgada, não valoriza a importantíssima função de fiscal sanitário.

Prof Cláudio Lima Engenheiro de Alimentos do Instituto CENTEC
Esp Alimentos e Saúde PúblicaMsc Tecnologia de AlimentosConsultor da Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da STDS-Ceará
Colunista do Jornal O Povo (Caderno Ciência & Saúde)
http://www.professorclaudiolima.blogspot.com/

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