Como é o nome mesmo?
Há quem colecione selos, tampinhas de garrafa, moedas. Herton Muniz coleciona frutas. Em seu sítio, localizado no município de Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo, ele cultiva mais de 300 espécies frutíferas, para seu próprio pomar e para a venda de sementes e mudas.
A paixão pelo assunto vem desde a adolescência. Autodidata, Muniz dedicou anos ao estudo, observação e cultivo de diversas plantas. O resultado de suas pesquisas foi registrado no livro “Colecionando Frutas”, no qual o autor discorre sobre 100 espécies nativas e exóticas. O título foi publicado com o apoio da Lei Rouanet por constituir um importante veículo de conhecimento da flora brasileira.
Inspirado pelo trabalho do autor, o Comer & Beber volta-se ao próprio quintal e seleciona do livro algumas espécies brasileiras nativas ainda largamente desconhecidas pelo público. Entre os fatores que contribuem para essa lacuna está o impacto da ação humana sobre os diversos ecossistemas do País.
A monocultura agrícola, por exemplo, é uma das práticas que afeta diretamente a biodiversidade das regiões - verdadeiro patrimônio que torna nossa gastronomia tão rica e diferenciada.
Alguns nomes citados por Muniz no livro podem soar familiares para quem já tem alguma vivência na área. É o caso do cambuci, que, segundo o autor, corre sério risco de extinção, tendo em vista a área limitada da região em que se propaga. Ele ocorre espontaneamente na inclinação da Serra do Mar para o planalto paulista e fluminense. Para piorar, a planta é de difícil propagação, pois as sementes perdem viabilidade rapidamente.
Fruto de coloração verde (mesmo depois de maduro), o cambuci tem sabor ligeiramente doce, mas bastante ácido, por isso não costuma ser consumido in natura. Por outro lado, é espetacular para sorvetes, geleias e doces, assim como o murici, fruto pequeno e amarelado “com cheiro que lembra queijo”, segundo Muniz. O “murici de moita” ocorre em todo o País, enquanto o “do cerrado” aparece em matas e cerradões do Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Pará.
Outro nome mais conhecido é o pequi, fruta exclusiva dos cerrados brasileiros. A polpa é utilizada em pratos típicos com arroz, feijão, galinha cozida e outros alimentos. A amêndoa tem sabor marcante e o óleo também é usado na culinária.
Outra estrela da lista é o cruá, também conhecido por melão-caboclo, jamelão e fruta-mortadela (pois seu formato lembra o do embutido). Embora originária do Brasil, já se espalhou por diversos países. O fruto pode ser consumido verde (cozido) ou maduro (quando a polpa é doce e cheirosa). Rende um ótimo suco, além de sorvete, purê e doce.
O livro de Muniz inclui ainda nomes tão estranhos quanto iaracatá, xixá, mamorana, ingá do mato, pindaúva, guacatunga, puruí, guabiroba e outros. Traz informações de cultivo, origem e utilização na cozinha. Uma bela amostra da riqueza natural e comestível de todo o Brasil.
Fonte: Diário do Nordeste
___