Por: J. Edgard Machado, Ph.D.
A aprendizagem é uma experiência universal, que decorre ao longo da vida de qualquer indivíduo. Assim sendo, não se deve entender o fim da escolaridade obrigatória como o fim da aprendizagem, dado que as necessidades de aquisição de conhecimentos e hábitos ocorrem durante toda a nossa existência. Quando o ser humano deixa de aprender, passa a pôr em risco a sua própria capacidade de sobreviver. Enquanto a pedagogia utiliza métodos e meios de ensino inteiramente voltados para as crianças, a andragogia está totalmente relacionada com a aprendizagem dos adultos.
De acordo com Allen Tough, um estudioso sobre as principais motivações dos adultos face ao processo de aprendizagem, “um adulto aprende sobretudo quando não é ensinado”. Isto porque são características gerais da aprendizagem dos adultos as seguintes:
- O estudante adulto aprende melhor quando não precisa confiar na sua memória;
- Consegue aprender através da sua própria atividade, com o material didático que lhe pareça importante para a sua vida quotidiana e utilizando a sua própria experiência;
- Necessita encontrar respostas “certas” à primeira tentativa;
- A prática repetida reforça-lhe os conhecimentos novos;
- Na medida em que o aprendente puder aprender segundo o seu próprio ritmo consegue reter por mais tempo, aquilo que aprendeu.
Alguns educadores afirmam que, na primeira fase da vida adulta, os motivos para o estudo dos adultos estão ligados: à procura de um lar, à criação dos filhos e ao progresso no trabalho. Na meia-idade pode predominar a mudança de ocupação aliada à preparação do futuro dos filhos adolescentes, bem como a consciência de algumas ambições frustradas. Na velhice os motivos mais importantes relacionam-se com o ajustamento salarial face à reforma e ainda ao decréscimo da força física.
Estudando, os adultos procuram empregar construtivamente os seus tempos livres e encontrar uma filosofia de vida que, aparentemente, lhes dê algum significado. O ensino à distância, enquanto modalidade do ensino semi-indireto, bem distinto do ensino presencial (professor/alunos), está intrinsecamente ligado às características gerais da aprendizagem dos adultos, porque o aprendente pode escolher:
- O que quer aprender (conteúdos de aprendizagem);
- Onde quer aprender (local de aprendizagem);
- Como quer aprender (métodos e media);
- Quando quer aprender (ocasião do dia ou da semana);
- Optar pelo ritmo a que quer aprender;
- A quem quer recorrer para aprofundar conhecimentos ou colher orientações metodológicas (equipe central ou centro de apoio local);
- A que sistema de avaliação se quer submeter (forma, altura e local)”.
Há momentos em que o ensinante e o aprendente se encontram durante determinados períodos do processo de aprendizagem, por exemplo, para o esclarecimento de eventuais dúvidas ou para a realização de provas de avaliação, normalmente, após o aprendente ter vencido um pequeno conjunto de questões do seu programa de trabalho. A técnica dos pequenos passos vai de encontro à psicologia da aprendizagem dos adultos e é utilizada através de diferentes suportes (scripto, áudio, vídeo, informo), que podem ser utilizados de forma isolada ou de forma combinada.
No atual contexto da mundialização da economia, dada a necessidade dos países em desenvolvimento necessitarem de desenvolver massivamente os seus recursos humanos, a metodologia do ensino à distância, mesmo dispendiosa na sua fase de implantação, é, reconhecidamente, aquela que possibilita ao estudante adulto, cumprir integralmente com as suas tarefas profissionais e estudar, de acordo com a forma como poderá organizar o seu próprio tempo.
Toda a aprendizagem é, no fundo, uma auto-aprendizagem e o ensino à distância leva em linha de conta esse fundamento, sobretudo, para o estudante adulto, que tem plena consciência do que quer fazer para resolver os seus próprios problemas e de forma indireta, os déficits de desenvolvimento do próprio País.
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J. Edgard Machado, Ítalo-Brasileiro, Livre Docente em Desenvolvimento Sustentável (Univ. Roma), Doutor em Macroeconomia Social e Desenvolvimento de Recursos Humanos (Washington University), Economista (PUC-SP), Sênior Adviser da EIC, Diretor da Arqtur Desenvolvimento Sustentável na América do Sul.sinforun@yahoo.it e arqtur-projetos@arqtur.org
Fonte: http://omacaubense.blogspot.com/2009_02_01_archive.html
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